Filho de modestos lavradores portugueses, de cujo lar humilde partira aos quinze anos de idade, em maio de 1887 chegava a Santos, ingressando no comércio, a lutar pela vida.
Exemplo vivo do trabalho em plena mocidade passara a acatado comerciante sócio da firma Thomaz, Irmão & Cia. e, empreendedor perseverante, de negociante a fazendeiro, foi um ápice.
De caráter franco, inteligente e econômico, granjeará vasto círculo de relações nos meios comerciais no mais importante porto do país de exportação de café, negócio que não tinha mais segredos para seu entendimento atilado e que o tornou milionário aos quarenta anos!
A riqueza material, que então possuía, em nada alterara os hábitos de modéstia da vida de lutas que levava, entre as alternativas de compra e venda no escritório, em Santos, e as viagens às longínquas fazendas de café, onde seu espírito se comprazia, em contacto com a natureza exuberante e acolhedora e o convívio da gente pura e simples do interior, que possuía como riqueza a única credencial que satisfazia a Luíz Thomaz: honestidade e amor ao trabalho!
Mas, a benemerência dessa vida afanosa, iniciou-se em 1910 quando, unido a Luiz de Mattos, dedicou-se Luiz Thomas ao estudo do Espiritismo Racional e Cientifico Cristão, hoje Racionalismo Cristão.
Daí em diante, sua vida, entrelaçada à de Luiz de Mattos, é a própria história do Racionalismo Cristão.
Os postulados racionalistas – simples, mas severos – pugnando pelo cumprimento do dever e pela evolução espiritual, calaram fundo em seu espírito sequioso de progresso e, em junho de 1912, era inaugurada a sede própria daquela Doutrina em Santos, que ele mandara construir, no desejo incontido de que todos, sorvendo aqueles ensinamentos regeneradores, pudessem progredir material e espiritualmente.
Aumentavam-se-lhe, assim, os encargos, distribuídos, agora, pelas atribuições da vida de negócios e os impostos pelo próprio desenvolvimento que a Doutrina ia tomando e que o obrigava a construir a sede própria do Racionalismo Cristão no Rio de Janeiro, inaugurada em 1912, e que se tornaria mais tarde o foco irradiativo da Doutrina para o mundo!
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Data dessa época a extraordinária disseminação dos princípios racionalistas, nas campanhas memoráveis das conferencias e polemicas de Luiz de Mattos, que culminaram com o lançamento, já em 1916 d’A Razão que até junho de 1921, vigência de sua primeira fase de diário do povo para o povo, pugnou sempre pelos mesmos ideais que nortearam a existência profícua de Luíz Thomaz.
Aos 08 de dezembro de 1931, desencarnava em Santos o grande batalhador.
Mas as páginas de seu testamento, como expressão de continuidade de sua vida, estavam impregnadas do mesmo amor ao próximo que tinha sido a razão de sua própria existência: legava às casas de beneficência da cidade onde vivera e enriquecera, e, principalmente ao Centro Redentor, grande parte de seus haveres.
Revelava-se ainda o grande filantropo que sempre fora.
Se ao Racionalismo Cristão devia os esclarecimentos que o orientara na vida, deixava-lhe os recursos para continuar a explaná-los à humanidade, talvez na utópica ilusão de que viria a sentir-se feliz um dia...
Em 8 de dezembro de 1931, era cedo demais para saber-se quem fora e o que fizera Luíz Thomaz, como talvez ainda o seja hoje, porque se já conhecemos a trajetória de sua vida trabalhosa e útil, ainda é cedo para avaliarmos a obra a que dedicou todos os instantes e que ainda não está terminada.
Porque mais do que um plano o programa a ser cumprido – é uma Doutrina!
LUIZ ALVES THOMAZ
Othon Ewaldo – Parte II
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