Quatro dias após a sua desencarnação, Luiz Alves Thomaz deu a seguinte comunicação, em reunião especial de Doutrinação, em 12 de dezembro de 1931, no Centro Redentor do Rio de Janeiro:
“Entre amigos! Espero ser ouvido e recebido como desejo!
O mundo tem suas misérias, os homens quando por ele passam, tem suas misérias, os homens quando por ele passam, ficam com suas almas como que entorpecidas, pesa-lhes demais o corpo e por vezes é difícil, mui difícil à clarividência que deveriam possuir. Mas uma vez cassada a vida material e passada à espiritual, como tudo se transforma! Como tudo se modifica! Como o ser sente completamente diferente daquilo que foi, daquilo que demonstrou, daquilo que fez...
Não vos venho mendigar desculpas, mas venho até vós como companheiro leal, amigo e sincero que hoje sou!
As dores morais, os abalos produzidos pelas injustiças, pela falta de raciocínio, hoje não mais devem imperar.
Como homem físico lutei, como homem astral, hoje, lutarei.
Esta Doutrina, filha das Forças Superiores, sua joia predileta, que a nós foi confiada para sua divulgação na Terra, deve ser divulgada, deve ser explanada, deve ser respeitada e obedecida por aqueles que na Terra se dizem seus instrumentos, e o devem ser de fato.
A minha manifestação entre vós, amigos, não tem outro fim se não a solidariedade, a amizade, o apoio todo espiritual que doravante vos tributarei.
Quando na Terra, vivi mais materialmente do que espiritualmente: trabalhei para a Doutrina mais materialmente do que espiritualmente, porque pesava sobre os meus ombros a sua manutenção; olhava por ela com os olhos mais da matéria do que do espírito, porque era preciso precavê-la dos salteadores; mas hoje, a coisa mudou de figura, encaro-a conforme deve ser encarada, e desejo incentivar-vos para que se faça a sua explanação, respeitando os seus Princípios.
A vida terrena é de fato uma vida de sofrimentos: na Terra só se encontram dores, desgostos, mas a vida espiritual para o ser que foi esclarecido, é um consolo, um descanso, é de fato aquilo que deve ser.
Solicitando-vos, pois a vossa lealdade, e que entre vós exista o espírito de justiça, a sinceridade, desejo-vos fortes para enfrentar a luta, desprendidos para cumprirdes os vossos deveres, independentes para que possais ser sempre respeitados e jamais atacados no vosso moral.
E tu (Antonio), companheiro e amigo, a quem eu estimava, mas de quem muitas vezes não era compreendido, sentes agora a minha amizade?
- Sempre a senti, sempre te considerei um amigo, só lastimava que houvesse a antepor-se entre nós a desgraçada matéria, que não deixa ver as almas no seu irradiar, no seu querer, no seu espargir de amizade verdadeira! Responde-lhe Antonio do Nascimento Cottas.
- Sim, como já vos fiz sentir, a matéria é densa e por vezes os nossos defeitos de educação muito concorrem para que não sejamos aquilo que desejamos ser.
Quantas vezes fui injusto!... Quantas vezes!... Mas uma vos quero fazer sentir:
Embora Vos parecesse um “mata-mouros”, eu só tinha um fim: acordar, abrir os vossos olhos e encaminhar-vos para a vossa independência material, desejando-vos livres por completo, a fim de poderdes trabalhar com mais desembaraço, com mais liberdade em prol da Doutrina.
Respeitei sempre as Forças Superiores, só as não respeitava quando não as compreendia e muitas vezes erroneamente as evocava para deliberações que só a mim me competiam; mas isto mesmo, fazia com espírito de obediência.
Mas, desejando que ponhais uma pedra no passado, tende agora em mira somente o presente, portanto, lutai com denodo, procurai dar à Doutrina o impulso de que ela carece. O que por ela fiz não é demais em comparação àquilo que ainda por ela podia fazer, mas isso mesmo bem aproveitado e encaminhado lhe garantirá a sua eterna independência.
Que possas, portanto, (Antonio) gerir tudo que diz respeito à Doutrina com independência precisa, com cuidado meticuloso de que carece, a fim de que possas, livre e independentemente pregá-la, explaná-la e levá-la por diante.
Temos confiança plena em ti e em diversos companheiros teus, mas também não podemos deixar de vos prevenir que não vos descuideis, que procureis sempre fortificar as vossas almas e encarar a vida tal qual ela se apresenta.
A Doutrina é bela! Mas quando ainda na Terra nem sempre é por nós compreendida como deve ser.
Quantas falhas, quantas faltas não pratiquei por não compreendê-la!... Por isso, vós deveis ter sempre em mira os nossos conselhos, caminhar sempre com calma, com prudência, raciocinando muitíssimo e pesando todos os vossos atos, para que não venhais a sofrer as consequências.
Desejo (ao Antonio), que saias o mais depressa possível da situação em que te encontras; emprestarei o meu apoio espiritual para que isso se realize o mais depressa possível; quero-te independente, valoroso e forte à frente da Doutrina, lutando com valor, tudo superintendendo, tudo fiscalizando, tudo examinando meticulosamente para que não sofra uma só parcela daquilo que lhe cabe.
E também quero que empresteis todos vós, o apoio da vossa irradiação, todo o moral preciso, àquela que foi a minha companheira, aquela a quem pedi que representasse a Doutrina, que a levasse por diante, que jamais a abandonasse; estou certo de que ela saberá cumprir o seu dever, mas quero que sejais seus amigos, que a amparais com a vossa irradiação, com o vosso apoio espiritual, suavizando-lhe os sofrimentos que possam advir da tremenda responsabilidade que lhe cabe e das muitas más irradiações que sobre si serão atiradas.
Isto fazendo, contentareis à minha alma e recebereis a recompensa do bem que fizerdes.
Terás o apoio de Luiz de Mattos, o meu apoio, o apoio de Pedro Lessa, de Monsenhor Moreira, essa plêiade de espíritos evoluidíssimos que se unem para te auxiliar, assim como a todos os companheiros na luta em prol da Verdade.
Elevai agora o vosso pensamento comigo, e procurai atrair nesta hora de paz, de sossego, de tranquilidade espiritual, o nosso Pinheiro Chagas, o nosso Padre Antonio, o nosso Camillo, o nosso Camões, o nosso Eça de Queiroz, o nosso Custódio Duarte, essas belíssimas, evoluidíssimas trouxeram a Terra o Racionalismo Cristão, a Doutrina da Verdade, que a implantaram com tanto sofrimento, com tanta dor, com tanta luta, com tenta dificuldade!
Antonio Vieira! Nós que fomos teus instrumentos, desejamos que a tua obra sempre glorificada, pelo seu progresso, pela sua evolução, a fim de que sintas a tua alma satisfeita, ao mesmo tempo em que a nossa evolui pelo sofrimento adquirido na luta em prol da Doutrina."
Por Flávio Faria
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