[…] Nossa Filosofia Espiritualista, filha das Forças Superiores, sua joia predileta, que a nós foi confiada para sua divulgação na Terra, deve ser divulgada, deve ser explanada, deve ser respeitada e obedecida por aqueles que na Terra se dizem seus instrumentos, e o devem ser de fato […]
- Luiz Alves Thomaz

Manoel Homem de Bittencourt - Benfeitor português


Em fins do século XIX, o Brasil vivia um período de mudanças radicais na sua história socioeconômica, o país era um dos ícones na produção e exportação mundial de café, mas estava absorvendo os recentes acontecimentos da lei Áurea, de 13 de maio de 1888, entrementes estava acontecendo a entrada de imigrantes para suprir o labor escravo, e com a destituição da monarquia em 15 de novembro de 1889, em meio da agitação política a republica tentava se firmar.

É nesse cenário de uma melancólica época que encontramos o Dr. Manoel Homem de Bittencourt, casado, português, natural da Cidade da Horta, Açores, filho do casal Manoel Homem de Bittencourt e Senhora Francisca do Rosário Bittencourt, trabalhava como cirurgião-dentista na Sociedade de Beneficência Portuguesa, assumiu ainda mais responsabilidades na Cidade de Santos, quando em fins do século XIX, com mais alguns membros ativos perante a comunidade portuguesa na Cidade de Santos, foi fundado o Centro Cultural Português e como sócio iniciador número 2,  tornou-se o seu primeiro presidente a partir de 1º. de dezembro de 1895, associação que se ligava ao tradicionalismo luso e agrupava todos quanto tivessem nascido em Portugal e residissem na Cidade de Santos.

Centro Cultural Português - Na época fundado como Real Centro Português
Salão preparado para receber a corte portuguesa
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Instituição que se destinava a manter entre seus associados maior solidariedade e concorrer em benefícios de todos, em quaisquer emergências, desde que fosse lícito levar-lhes apoio, a auxiliar pecuniariamente todos os portugueses que se encontrassem doentes e carecessem de ajuda, criar aulas de instrução primária e secundária, sobretudo para os filhos dos sócios, a promover a comemoração de festas pátrias, e a facultar benefícios as viúvas e aos filhos menores de sócios falecidos.
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O benfeitor português Dr. Manoel Homem de Bittencourt, vivia na Rua Visconde de São Leopoldo n. 74, e o vice-cônsul português Luiz de Mattos na Rua XV de Novembro n. 35, acontece que ambos endereços situados na Cidade de Santos estavam praticamente na mesma esquina, portanto eram vizinhos.

(tudo nos leva crer que o prédio era único de uma esquina e outra)
Como ambos estavam engajados na luta pelo abolicionismo e eram incentivadores da criação do Centro Cultural Português de Santos, tanto é que Luiz de Mattos foi matriculado como numero "1" e Dr. Manoel era número "2", ambos filiaram-se em 03-11-1895, assim fica demonstrado que havia um forte elo de confiança que crescia ainda mais, pois Dr. Manoel Homem de Bittencourt exercia a profissão de cirurgião-dentista na Sociedade de Beneficência Portuguesa, onde Luiz de Mattos além de ser sócio benemérito, foi Presidente desse hospital no ano de 1888.


Assim o Dr. Manoel Homem de Bittencourt, apesar de prestar serviços como cirurgião-dentista no Hospital Sociedade Beneficência Portuguesa, também se tornou seu Presidente no ano de 1900.
 - Praça José Bonifácio - 1906 -
No final do século XIX, a comunidade portuguesa
liderada pelo Dr. Manoel Homem de Bittencourt
utilizavam esta praça José Bonifácio com 
festas nacionais, para angariar fundos na
construção do Centro de Cultura Português
A Cidade de Santos no final do século XIX era muito pequena e o Dr. Manoel Homem de Bittencourt com seu espírito de boa-fé, liderava as festas nacionais com comidas e músicas típicas na Praça José Bonifácio, mas também era quem buscava os homens de poder econômico para completar fundos e levar adiante as obras do Centro Cultural Português.

Vale lembrar que Dr. Manoel, começa a fortalecer amizade com o filantropo Luiz Alves Thomaz, a partir do ingresso deste como sócio remido no Centro Cultural Português em 1901.

De acordo com o livro "Luiz Thomaz, benfeitor da humanidade de 2016", página 125, assinado pelo autor Galdino Rodrigues de Andrade, após a desencarnação de Luiz Alves Thomaz em 08 de dezembro de 1931, ao abrir o seu testamento, o mesmo deixou e legou ao Real Centro Português de Santos, o usufruto vitalicio de dez obrigações do Estado de São Paulo, no valor nominal de um conto de réis cada uma, que no caso de extinção ou liquidação do mesmo Real Centro Português, os valores passariam à Sociedade Portuguesa de Beneficência de Santos. Para efeito de entendimento desses valores, aos valores de hoje, se aplicados fossem em terrenos na época, hoje esses mesmos terrenos estariam valendo aproximadamente entre 500.000,00 a 1.000.000,00 de dólares.


Da mesma forma, deixou e legou a Escola Portuguesa de Santos, o usufruto vitalício de dez obrigações do Estado de São Paulo, do valor nominal de um conto de réis, cada uma, que por extinção ou liquidação da mesma Escola Portuguesa de Santos. Para efeito de entendimento desses valores, aos valores de hoje, se aplicados fossem em terrenos na época, hoje esses mesmos terrenos estariam valendo aproximadamente entre 500.000,00 a 1.000.000,00 de dólares.


Pelo fato de o Centro Amor e Caridade em seu início estar situado na Rua Amador Bueno, 190, área central da cidade de Santos, imóvel que pertencia ao Senhor Luiz Thomaz, portanto bem ao lado Real Centro Português de Santos, pode-se considerar que ambos benfeitores se conheciam.


Dr. Manoel Homem de Bittencourt, homem de cultura e de ação, um dos mais abalizados “odontólogos” de sua época, possuidor do grau de comendador, exerceu atividades de vice-cônsul de Portugal, um ser notável de estilo solidário e comprometido com a comunidade portuguesa.

Sua vida social se confunde com o início do Centro Cultural de Santos e a sua vida profissional com a Sociedade de Beneficência Portuguesa. O poeta Alberto Veiga referiu-se dessa forma ao Dr. Manoel Homem de Bittencourt “...a alma e o cérebro da novel e pujante associação”, “...que deu ao centro os estos do seu coração e as iniciativas do seu ardente patriotismo...”

Portanto, uma vida com exemplos de amor a sua gente.

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Imigração portuguesa Cidade de Santos - início século XIX
Área central de Santos no final do século XIX (em vermelho),
tomada pela colonia portuguesa
Os portugueses nunca deixaram de aportar no Brasil como imigrantes, mas com o fim do tráfico de escravos em 1850, acentuou-se a carência de mão de obra, onde se verificava a expansão das plantações de café.

Nessa época, muitos imigrantes chegavam sem que fosse conhecido o seu número, pois muitos eram aliciados principalmente nas Ilhas dos Açores, esses trabalhadores agrícolas eram encaminhados para fazendas de café.

No século XIX, houve um acentuado crescimento demográfico em Portugal e um número cada vez maior de camponeses não encontravam trabalho. Ao mesmo tempo, os mitos de fortuna fácil no Brasil, resquícios do período colonial, ainda persistiam nas regiões agrárias de Portugal, fatores que estimularam uma crescente onda de imigração, sem que fosse conhecido o seu número, assim essa imigração espontânea de estrangeiros ficou concentrada em cidades portuárias, onde os portugueses formavam o grupo estrangeiro mais numeroso.

A imigração portuguesa para o Brasil cresceu no fim do Império e ganhou fôlego com a Abolição da Escravatura (1888). O crescente fluxo migratório português foi um reflexo da instabilidade política e econômica em Portugal.

A partir da metade do século XIX, a imigração portuguesa no Brasil tomou caráter quase que exclusivamente urbano. O perfil do imigrante português também se alterou: antes, a maioria era composta por homens solteiros. A partir do final do século XIX, as mulheres portuguesas também chegaram ao Brasil em número expressivo. As crianças menores de 14 anos eram 20% dos imigrantes. A situação econômica também se alterou. No final do século XIX, os que chegaram eram extremamente pobres e sem escolaridade, vindos de aldeias do interior de Portugal.
13 de maio de 1888
1888 - O Brasil ainda carecia de tudo, além da luta dos próprios interesses. Os ex-escravos foram jogados a própria sorte, pois essas populações não encontraram nem se quer um pedaço de terra, nem acesso a educação, ou uma ocupação para se manterem, jogados a uma condição de miserabilidade total. Passados pouco mais de 100 anos, o país é o mesmo, não investe em educação e saúde de forma igualitária e permanente para todos, continuamos na mesma. Infelizmente ninguém se importa com o essencial e ainda prevalece a luta dos próprios interesses. Fonte: pesquisa livre na internet
15 de novembro de 1889

“A Província de São Paulo, 15 de novembro de 1889. “Recebemos ontem o seguinte telegrama: 
Foi proclamada a República no Brazil. Consta que o governo provisório será organizado com o general Deodoro e Quintino Bocayuva. Afirmam outros que o governo será constituído pelo general Deodoro, Quintino bocayuva e Benjamin Constant. Foi convocada uma reunião popular para aclamação do governo. O ministério foi obrigado a assinar a sua demissão. O barão de Ladario foi ferido e acha-se em perigo de vida. Logo que recebemos este telegrama, fizemos distribuir o seguinte boletim: Cidadãos, notícias da Corte anunciam a proclamação da República – a forma de governo que exprime o sentimento nacional! Unamo-nos! Para garantir a ordem, porque o novo regime nasce da livre manifestação popular! Povo! O primeiro dever republicano neste momento é ser calmo, previdente, justo, tolerante, para ser enérgico na organização! A República significa a paz, o progresso, a civilização. Unamo-nos sem distinção de partidos para firmarmos esse novo regime que nos há de trazer a glória, a grandeza e a felicidade. Viva a República!”
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Açorianos iniciam a ocupação do morro de Fernandes Pacheco - 1906



Rua Visconde de São Leopoldo, 74, Centro de Santos, possível endereço do dentista Manoel Homem de Bittencourt

Cruzamento das Ruas Visc. São Leopoldo e XV de Novembro
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- Praça José Bonifácio - hoje -
Local onde Sr. Manoel Homem de Bittencourt reunia toda a comunidade portuguesa no final do século XIX, para levantar fundos para a construção do Real Centro Português 

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Fonte